A brincadeira foi feita logo após o ex-presidente afirmar que poderia mandar ao magistrado imagens de como o povo o recepciona bem em atos na rua. “Declino”, respondeu Moraes.
Em seguida, Bolsonaro perguntou: “Poderia fazer uma brincadeira?”
“Eu perguntaria ao meu advogado”, disse, rindo, Moraes.
“Gostaria de convidá-lo para ser meu vice em 2026”, afirmou Bolsonaro, que está inelegível até 2030, após duas condenações do TSE (Tribunal Superior Eleitoral). Moraes respondeu: “eu declino novamente”.
O depoimento de Bolsonaro começou às 14h33 e levou cerca de duas horas. Ele levou um exemplar da Constituição para a mesa de depoimento e o levantou enquanto discursava sobre não ter atentado contra a democracia.
O ex-presidente disse ainda que não era o único a criticar as urnas eletrônicas. Ele disse que usava a retórica contra o sistema eletrônico de votação desde 2012.
Na Presidência, Bolsonaro acumulou uma série de declarações golpistas, provocou crises entre os Poderes, colocou em xeque a realização das eleições de 2022, ameaçou não cumprir decisões do STF e estimulou com mentiras e ilações uma campanha para desacreditar o sistema eleitoral do país.
Após a derrota para Lula, incentivou a criação e a manutenção dos acampamentos golpistas que se alastraram pelo país e deram origem aos ataques do 8 de Janeiro.
Nesse mesmo período, adotou conduta que contribuiu para manter seus apoiadores esperançosos de que permaneceria no poder e, como ele mesmo itiu, reuniu-se com militares e assessores próximos para discutir formas de intervir no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) e anular as eleições.
A defesa de Bolsonaro nega a participação do ex-presidente em crimes e argumenta, entre críticas à denúncia da PGR (Procuradoria-Geral da República), que não há provas de ligação entre a suposta conspiração iniciada no Palácio do Planalto, em junho de 2021, e os atos de vandalismo de 8 de janeiro de 2023.
A PGR o acusa de ser o líder da organização criminosa que tentou dar um golpe de Estado após a eleição de Lula (PT) à Presidência da República./Folha SP
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