Por Reginaldo Silva- Professor, Radialista e Jornalista

Ciro Gomes é um crítico contumaz do presidente Lula e vem mantendo o mesmo comportamento em relação ao ministro da Educação, Camilo Santana. O ex-ministro e ex-presidenciável protagonizou mais uma cena política, na última semana, que vai contribuir com a tese da unidade da sigla petista.
Ciro apareceu ao lado do deputado estadual Alcides Fernandes (PL), afirmando que pretende votar nele para senador, destacando que o parlamentar tem todos “os dotes” para ocupar o cargo, por ser um homem de testemunho e de fé. Em sua fala, o ex-ministro não poupou críticas aos possíveis adversários do campo governista, afirmando que estes não têm currículo, “e sim folha corrida”.
A aparição de Ciro ao lado de Alcides Fernandes reforça a tese defendida pelo deputado estadual Guilherme Sampaio, que sempre sustentou que o ex-presidenciável atuava como linha auxiliar do bolsonarismo.
Após o café da oposição na Alece, onde Ciro e Alcides estiveram juntos, o chefe da Casa Civil, Chagas Vieira, publicou um vídeo do período da campanha presidencial em que Alcides atacava Ciro com termos depreciativos, chamando-o de “Cangaceiro do Ceará” e acusando-o de desrespeitar religiosos.
Ciro Gomes é uma figura pública com relevância nacional, contudo, a avaliação predominante entre os quadros do PDT é de que uma futura candidatura dele à Presidência da República seria inviável. Percebendo esse sentimento, ele volta sua energia para o Estado. Embora seu estilo e seu histórico não sejam de conciliação, devido às falas sempre muito carregadas, Ciro impõe peso ao bloco de oposição no Ceará, que espera contar com o ex-ministro na próxima eleição, não como ator principal, mas como linha auxiliar do grupo oposicionista.
O ex-ministro tenta se reposicionar estrategicamente no cenário político cearense, mesmo que endossando figuras bolsonaristas, como Alcides Fernandes.
Dentro desse novo contexto, o anúncio da união do ministro da Educação Camilo Santana, do governador Elmano de Freitas e do deputado federal José Guimarães em torno do nome de Antônio Filho, o Conin, como consenso para disputar o PED em julho, é uma demonstração de que o partido buscará unidade interna para o embate que se desenha.
Camilo, Elmano e Guimarães observaram que a vitória de Evandro Leitão em Fortaleza, se deu graças à convergência entre a militância partidária e a base popular, fórmula que a cúpula petista busca repetir. Tentar algo diferente no momento pode representar riscos desnecessários em um ambiente político nebuloso.
Há muitas variantes em curso até a eleição do próximo ano. O cenário de instabilidade nacional segue carregado de incertezas, o que impede previsões mais firmes.
Gostem ou não dele, ao subir o tom, Ciro volta a aquecer o ambiente político no Ceará, tanto na oposição quanto na situação.