“Existe grande probabilidade de ela ser presa, isso pode acontecer a qualquer momento. E daí vamos fazer um recurso, apresentar um habeas corpus. Ela tem moradia na Itália, acreditamos que conseguirá”, diz o novo advogado da parlamentar, Fábio Pagnozzi, que assumiu a defesa dela na semana ada, após a saída de Daniel Bialski do caso.
Zambelli teve o pedido de extradição enviado pelo Brasil à Itália nesta quarta-feira (11), para que cumpra a pena de dez anos de prisão por envolvimento com o hacker Walter Delgatti, que invadiu sistemas do CNJ (Conselho Nacional de Justiça).
A deputada, segundo seu advogado, está em uma casa em Roma evitando sair às ruas, mas não está se escondendo da polícia.
Zambelli pretende lutar contra a extradição, e para isso contratou também o advogado italiano Pieremilio Sammarco, especializado em causas do tipo.
Ela aceitaria cumprir pena no país europeu, segundo Pagnozzi, acreditando que seria melhor do que ir para a cadeia no Brasil.
“Uma coisa que pesa é a conjuntura no Brasil, onde não há equilíbrio político nem clima no STF para que haja um tratamento justo e equilibrado do caso dela. Na Itália, isso é diferente, inclusive por ser um país mais de direita”, diz o advogado. A Itália é atualmente governada pela primeira-ministra direitista Giorgia Meloni.
Ele acredita que há grandes chances de a extradição ser negada pela Justiça italiana, e não apenas pelo fato de Zambelli ter cidadania do país europeu.
“O que vai contar muito é a tipificação do crime. No caso dela, não parece ser grave o suficiente para que seja extraditada. Também não vejo precedente para isso. Mas é uma decisão que cabe à Justiça italiana, claro”, diz o advogado.
Pagnozzi diz que tem falado com Zambelli frequentemente e que ela se sente abandonada por aliados.
“Ela está com as redes suspensas, impossibilitada de pedir doações. Está sobrevivendo com o que sobrou de suas economias. Não vai aguentar muito tempo. Ela está se sentindo abandonada, sente isso na pele”. Da cúpula do PL, o único que tem dado atenção a ela, buscando informações, é o líder do partido na Câmara, Sóstenes Cavalcante (RJ).
Outra estratégia da defesa é buscar revisão criminal no STF, embora as chances de sucesso sejam consideradas pquenas. Esse instrumento é possível quando fatos novos que podem mudar a convicção dos juízes surge.
O que pode ensejar esse pedido é o fato de o ex-ministro da Defesa Paulo Sergio Oliveira, do governo Jair Bolsonaro, ter negado em depoimento ao STF nesta semana um encontro com Delgatti. A ação deve ser apresentada na semana que vem.
Zambelli também acompanha à distância a decisão da Câmara dos Deputados de autorizar sua prisão, como manda o regimento da Casa. Para isso, é necessário o voto de 257 deputados chancelando a sentença do STF.
Num primeiro momento, o presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB), decidiu apenas seguir a ordem do STF, declarando a prisão sem avaliação da Casa.
Na última segunda-feira (9), Pagnozzi enviou a Motta uma contestação, dizendo que isso poderia criar um grave precedente. O presidente da Câmara então recuou e promete submeter o tema ao plenário.
A defesa da parlamentar reconhece que no momento a perspectiva de vitória no plenário não é favorável a ela, que tem a oposição de partidos de esquerda e a antipatia de parte dos bolsonaristas.
Os aliados do ex-presidente atribuem a Zambelli a derrota na eleição de 2022, por ela ter perseguido um homem com uma arma na véspera do segundo turno./Folha SP
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