A expressão “classificação culposa”, que circulou nas redes sociais logo após o apito final, sintetiza o sentimento que tomou conta da torcida. No “juridiquês”, o termo “culposo” remete a algo feito sem intenção, e, ao que tudo indica, o Flamengo chegou às oitavas quase por inércia. A atuação derradeira na fase de grupos reforçou a ideia de que o time ou de fase mais por força do regulamento do que por méritos em campo.
O cenário poderia ter sido diferente. O Flamengo ainda tinha chances de avançar como líder do grupo, mas desperdiçou a oportunidade. Bastava vencer com saldo superior ao da LDU, que goleou o Central Córdoba por 3 a 0 na altitude de Quito. A equipe equatoriana acabou eliminada, mas terminou a campanha invicta nos confrontos diretos contra o time carioca. Já o Flamengo, mesmo diante da equipe de pior desempenho entre os 32 participantes do torneio, só conseguiu duas vitórias magras e sofridas por 1 a 0.
A partida contra o Táchira escancarou as fragilidades da equipe. O primeiro tempo foi particularmente preocupante: com 56% de posse de bola, o Flamengo criou apenas uma chance real de gol, aos 42 minutos, em jogada de escanteio mal aproveitada por Pedro, que, livre na segunda trave, finalizou para fora mesmo com o gol aberto.
A atuação aquém das expectativas gerou vaias assim que o árbitro encerrou a partida. Era o retrato de um torcedor aliviado, mas insatisfeito. O desempenho instável sob o comando de Filipe Luís deixa dúvidas sobre a capacidade do time de competir em alto nível nas fases eliminatórias. O que era para ser um jogo protocolar contra um adversário já eliminado virou um drama desnecessário.
A classificação veio, mas a forma como foi construída levanta um questionamento inevitável: o Flamengo está realmente pronto para encarar o mata-mata da Libertadores? Se quiser seguir adiante, o Rubro-Negro terá que deixar a apatia para trás, e transformar a vaga “culposa” em motivação para reencontrar o futebol que a torcida exige e o elenco pode oferecer.
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